Cultura

Dança

Com uma mescla de influências indígenas, africanas e europeias, a região Sudeste apresenta uma cultura diversificada que se refletiu também nas suas danças e ritmos populares. Os principais deles são:

Samba

A mais famosa das danças brasileiras, o samba, é uma dança e gênero musical trazido pelos escravos africanos para o Brasil. Inicialmente levado à Bahia, ganhou espaço e reconhecimento em outros Estados brasileiros e, principalmente, no Rio de Janeiro, que se estabeleceu como a Terra do Samba. Foi lá que se popularizou e passou a agregar influências de outras danças brasileiras como o maxixe, a polca e o xote. Extremamente popular, é também a dança oficial do maior Carnaval do mundo, realizado na Cidade Maravilhosa.

Vertente do samba, o Samba de Roda surgiu na Bahia, mas se popularizou também na região Sudeste. Nessa variação, os dançarinos ficam em uma roda, entoam cantos e batem palmas. São usados instrumentos como o berimbau, atabaques, chocalhos e pandeiros.

Pagode

Muito comum em São Paulo e no Rio de Janeiro, o pagode é uma variação do samba surgida na década de 1980. Marcado por características simples, como o lamento, o romantismo de letras melosas e o andamento de batidas mais lentas que o samba, é também muito popular.

Funk

Consagrado nas comunidades do Rio de Janeiro, o movimento do funk carioca, nas últimas décadas, se espalhou pelo Brasil, lançando grandes sucessos nacionais e até internacionais. Surgido a partir das batidas do ritmo Miami Bass dos anos 80, o funk é extremamente popular e dançado de maneira ousada e sensualmente explícita em disputados bailes funk.

Bossa Nova

Também uma derivação do samba – porém com influência do jazz norte-americano –, a Bossa Nova surgiu na cena boêmia do Rio de Janeiro e se popularizou pelo Brasil e pelo mundo no final da década de 1950. Grandes artistas se consagraram neste ritmo, geralmente ditado pelo violão, e é dançado como em um samba lento, como é o caso da clássica e mundialmente famosa canção de Tom Jobim, “Garota de Ipanema”.

Xiba

Antigamente tradicional no Estado do Rio de Janeiro, mas hoje não muito difundida, a xiba é executada com o uso de tamancos específicos e há a formação de círculo duplo com homens e mulheres. As mulheres cantam repentes e os homens batem os tamancos fazendo muito barulho.

Dança do Tamanduá

Nesta dança típica do Estado do Espírito Santo, homens e mulheres formam uma roda com uma pessoa no centro e realizam coreografias de acordo com o que é executado por quem está no meio. As músicas que embalam os dançarinos são improvisadas e começam com um cantador.

Caxambu

Esta dança tipicamente mineira é realizada por homens e mulheres que não necessitam estar em duplas. É formada uma roda e uma pessoa fica no centro executando coreografias. Diversos cantos são entoados ao som de tambores feitos de troncos de árvores.

Mineiro-pau

Também uma dança mineira, é realizada por homens que usam bastões de madeira alternando entre círculos e fileiras ao som das batidas no chão, que recebem o nome de ‘batida de quatro’, ‘batida no alto’, ‘batida embaixo’, entre outras.

Jongo

Herança africana difundida por São Paulo, ela é marcada por uma roda formada por homens e mulheres. Um solista canta uma canção enquanto as outras pessoas batem palmas e fazem movimentos ao som de instrumentos musicais como tambores e chocalhos.

Os ritmos e danças formam um capítulo à parte quando se fala de Nordeste, tamanha é a riqueza cultural e a variedade de diferentes tradições que a região apresenta. Conheça mais sobre algumas das principais manifestações populares nordestinas que contemplam de rituais históricos a significados simbólicos:

Baião

Inicialmente restrito ao sertão nordestino, o baião passou a ser conhecido em todo o Brasil através do sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga que, em 1946, gravou o seu primeiro grande sucesso e abriu a porta para novos artistas. Com seu ritmo binário e suas melodias marcantes ao som da sanfona, do agogô e do triângulo, o gênero influencia compositores até os dias de hoje. Sua dança é coreografada aos pares, que desenvolvem os passos conhecidos como balanceios, passos de calcanhar, ajoelhar e rodopio. As mulheres usam vestidos de chita adornados com babados nas saias, generosos decotes e sandálias com muitas cores. Já os homens usam calças claras de brim, camisas simples e sandálias de couro cru.

Capoeira

A capoeira é uma expressão cultural que ritualiza movimentos de artes marciais, jogos e dança, que chegou ao Brasil no século 16 com os escravos africanos trazidos de Angola, principalmente, para os Estados da Bahia e Pernambuco. Marcada pela interação dos participantes que se revezam aos pares em um grande círculo onde elaboram acrobacias, rasteiras e chutes, a capoeira é organizada em rodas sempre ao som da música de berimbaus, do canto e das palmas em um ritual que se tornou popular por todo o País.

Frevo

Maior atração do carnaval pernambucano, o frevo é uma dança coletiva que se caracteriza pela marcha de ritmo sincopado, violento e frenético que se desenvolve em meio à multidão até “ferver”. Essa ideia de fervura – que o povo local pronuncia frevura, frever – foi o que deu origem ao nome “frevo”. Seu símbolo é o guarda-chuva, que serve para manter o equilíbrio dos passistas. O mais curioso é que a coreografia dessa dança de multidão na verdade é individual. Seus foliões dançam de modos diversos e são raros aqueles que fazem gestos iguais, garantindo sempre um espetáculo muito divertido.

Maracatu

O maracatu tem origem africana, nas cerimônias de coroação dos reis do Congo, como ritual de demonstração de força e poder. O ritmo é marcado apenas com percussão, produzindo aquilo que chamam de “baque virado”, que instiga à dança. De notória importância histórica, a manifestação foi símbolo da resistência negra no Brasil. Atualmente está bastante presente no carnaval pernambucano.

Reisado

De origem portuguesa e muito praticado no Piauí, o reisado tem esse nome porque é festejado na véspera do tradicional Dia de Reis. Entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, um grupo formado por músicos, cantores e dançarinos vão de porta em porta anunciando a chegada do Messias e fazendo louvações aos donos das casas por onde passa. Inicialmente instalado em Sergipe durante o período colonial, atualmente é dançado em qualquer época do ano e os temas de seu enredo variam entre amor, guerra, religião e outros. Sua apresentação é composta de várias partes e tem personagens como o rei, o mestre, o contramestre, figuras e moleques, sempre acompanhados por instrumentos como a sanfona, o ganzá, a zabumba, o triângulo e o pandeiro.

Cateretê

Também chamado de catira, o cateretê é uma dança de origem indígena bastante usada pelo Padre Anchieta que, em sua catequese, traduziu para a língua tupi alguns textos católicos enquanto os índios dançavam e cantavam trechos religiosos. Os trajes usados são as roupas comuns do dia a dia. A dança varia de acordo com a região, mas geralmente são duas fileiras formadas por homens de um lado e mulheres do outro, que batem o pé ao som de palmas e violas, com melodias cantadas pelos violeiros.

Congada

Presente em diversos Estados, a congada tem origem no catolicismo e nas histórias do povo africano, como a do rei de Angola, Gola Bândi. Sua apresentação dramatiza uma procissão de escravos feiticeiros, capatazes, damas de companhia e guerreiros que levam a rainha e o rei até a igreja, onde são coroados. Durante o cortejo, ao som de violas, atabaques e reco-recos, os participantes realizam danças com movimentos que simulam uma guerra.

Coco

Dança de origem africana e típica do estado de Alagoas, o coco se espalhou por todo o Nordeste recebendo nomes e formas de coreografias diferentes. É cantado e acompanhado pela batida dos pés ou pela vibração do patear dos cavalos. O mestre ou o tocador de coco entoa as cantigas cujo refrão é respondido pelos cantadores.

Xaxado

Dança popular do sertão, o xaxado teve o nome dado devido ao som do ruído que as sandálias dos cangaceiros faziam ao arrastarem sobre o solo durante as comemorações nos momentos de glória do grupo de “Lampião”, considerado o “Rei do Cangaço”. Dançado originalmente só por homens, com letras satíricas e o compasso forte marcado pela batida de um rifle no chão, teve como grande divulgador Luís Gonzaga, que conseguiu que o gênero passasse a ser tocado nas rádios, televisões e teatros.

Maculelê

Típico da Bahia, o maculelê surgiu no período colonial para comemorar a boa fase de colheita É executada por homens que dançam e cantam sob o comando de um mestre chamado ‘macota’, respondendo em coro ao som de bastões, atabaques, pandeiros e violas.

Forró

Mais um ritmo que se espalhou pelo Brasil nos anos 40 com o mestre Luiz Gonzaga, o forró até hoje suscita controvérsias a respeito da origem do seu nome: alguns estudiosos dizem que remete ao termo africano “forrobodó“, que significa festa, bagunça; já outros a atribuem aos lendários bailes “For All” (para todos), promovidos pelos engenheiros ingleses aos operários nordestinos que trabalhavam na construção da estrada de ferro Great Western no início do século 20. Para além da discussão acerca do nome, o que importa é saber dançar. O dois-pra-lá-dois-pra-cá ao toque da zabumba, do triângulo e da sanfona se tornou tão popular que seu nome virou sinônimo de arrasta-pé, ou seja, um bailão onde se dança de tudo.

Marcada pelas imigrações europeias da Alemanha, Itália e Portugal no Paraná e em Santa Catarina, e misturadas com migrações de outros Estados e influências uruguaias e argentinas na região dos Pampas gaúchos, a região Sul apresenta diferentes danças típicas, com destaque para:

Vaneirão/Vaneira/Vaneirinha

Bastante comum no Estado do Rio Grande do Sul, tem suas origens na cidade de Havana, em Cuba. O nome da dança se altera conforme o ritmo, pois se ele for lento recebe o nome de Vaneirinha; rápido, Vaneirão; e moderado, Vaneira. Os passos são realizados com dois-pra-lá-dois-pra-cá, alternados com quatro movimentos de cada lado.

Chimarrita

Dança típica de Portugal, foi trazida para o Rio Grande do Sul durante o século 19. Inicialmente era realizada com os casais juntos dançando algo parecido com as valsas. Depois, as duplas passaram a dançar em várias direções e mais separados. Em algumas partes, eles dançam juntos no conhecido passo dois-pra-lá-dois-pra-cá. A partir de alguns movimentos, o homem, chamado de peão, e a mulher, que recebe o nome de prenda, flexionam levemente os joelhos durante os passos.


Milonga

Popular na Argentina e no Uruguai, no Rio Grande do Sul ela recebe a companhia da viola e de outros instrumentos musicais. A milonga gaúcha lembra os passos do tango, mas é mais lenta e romântica. Ela pode ser dançada de três formas: havaneirada (seguindo os passos da vaneira), tangueada (no ritmo de marcha) e rio-grandense (com passos dois-e-um).

Chula

Praticada só por homens, começa com uma lança colocada no chão e três homens em suas extremidades. Eles sapateiam de diversas formas e, após uma sequência de passos ao som da gaita gaúcha, o próximo dançarino deve executar os movimentos de forma mais difícil que o anterior. O vencedor é aquele que realiza a coreografia mais difícil.

Dança do Pezinho

De origens portuguesas, conseguiu atrair adeptos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Além de dançar, os dançarinos devem cantar no ritmo da música que acompanha os passos. A coreografia se altera entre passos ritmados pelos pés e as duplas que rodam em torno de si.

Boi de Mamão

Também conhecida como bumba-meu-boi, boi-bumbá, boi-de-cara-preta, entre outros. Em Santa Catarina, a dança apresentada durante a encenação é mais alegre e brincalhona do que as de mesmo nome que são apresentadas nas regiões Norte e Nordeste.

Dança do Vilão

Parte do folclore de Santa Catarina. Essa dança apresenta diversos componentes como balizadores, batedores e músicos – muito semelhante à que é dançada no Estado de Goiás. Com os bastões, os integrantes marcam o ritmo e giram entre si. O movimento proporcionado pelo vai-e-vem dos bastões deixa a coreografia ainda mais bonita.

Balainha

É também chamada de Arcos Floridos ou Jardineira pelo fato dos casais segurarem um arco florido. No início da coreografia é formada uma fila e as duplas passam os arcos por cima e por baixo dos demais casais. Depois, são executados outros passos com a formação de grupos de quatro pares, que fazem uma roda para cruzarem seus arcos e assim formarem as ‘balainhas’.

Pau-de-Fitas

Trazida pelos alemães que se assentaram na região, a dança começa com um mastro de aproximadamente três metros fincado no chão com diversas fitas coloridas atreladas a ele. Os dançarinos devem estar em número par e cada um segura uma fita para girar ao redor do mastro. No decorrer dos passos, vão se formando desenhos com as tranças das fitas. A dança é acompanhada por instrumentos como cavaquinho, pandeiro, acordeão e violão.

Fandango

Comum no litoral do Paraná, o fandango tem origem ibérica trazida pelos portugueses. Tendo recebido influências dos índios, é comum também nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Nele são utilizados instrumentos como violas, pandeiro e uma rabeca, e a letra é improvisada. Os dançarinos fazem uma roda e dançam com passos valsados, e o ritmo é seguido com palmas e com batidas dos pés.

Danças alemãs e italianas

A herança das imigrações alemãs e italianas no Sul do País pode ser encontrada nas tradicionais danças realizadas nas festas típicas da região, como a alemã Oktoberfest, em Blumenau, Santa Catarina, e a italiana Festa da Uva, em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.

Home / Cultura / Dança